DIAGNÓSTICO CLÍNICO
O
diagnóstico clínico é realizado através do exame físico onde procede-se uma
avaliação dermatoneurológica, buscando-se identificar sinais clínicos da
doença. Antes, porém, de dar-se início ao exame físico, deve-se fazer a
anamnese colhendo informações sobre a sua história clínica, ou seja, presença
de sinais e sintomas dermatoneurológicos característicos da doença e sua
história epidemiológica, ou seja, sobre a sua fonte de infecção.
O roteiro de
diagnóstico clínico constitui-se das seguintes atividades:
• Anamnese -
obtenção da história clínica e epidemiológica;
• avaliação
dermatológica - identificação de lesões de pele com alteração de sensibilidade;
• avaliação
neurológica - identificação de neurites, incapacidades e deformidades;
•
diagnóstico dos estados reacionais;
•
diagnóstico diferencial;
•
classificação do grau de incapacidade física. O diagnóstico da hanseníase é
realizado através do exame clínico, quando se busca os sinais
dermatoneurológicos da doença.
Um caso de hanseníase é uma pessoa
que apresenta uma ou mais de uma das seguintes características e que requer
quimioterapia:
• lesões de pele com alteração de
sensibilidade;
• acometimento de nervo(s) com espessamento
neural;
•
baciloscopia positiva.
ANAMNESE - A anamnese deve ser realizada
conversando com o paciente sobre os sinais e sintomas da doença e possíveis
vínculos epidemiológicos.
- A pessoa
deve ser ouvida com muita atenção e as dúvidas devem ser prontamente
esclarecidas, procurando-se reforçar a relação de confiança existente entre o
indivíduo e os profissionais de saúde.
- Devem ser
registradas cuidadosamente no prontuário todas as informações obtidas, pois
elas serão úteis para a conclusão do diagnóstico da doença, para o tratamento e
para o acompanhamento do paciente.
- É
importante que seja detalhada a ocupação da pessoa e suas atividades diárias.
- Além das
questões rotineiras da anamnese, é fundamental que sejam identificadas as
seguintes questões: alguma alteração na sua pele - manchas, placas,
infiltrações, tubérculos, nódulos, e há quanto tempo eles apareceram; possíveis
alterações de sensibilidade em alguma área do seu corpo; presença de dores nos
nervos, ou fraqueza nas mãos e nos pés e se usou algum medicamento para tais
problemas e qual o resultado.
AVALIAÇÃO DERMATOLÓGICA: A avaliação dermatológica visa
identificar as lesões de pele próprias da hanseníase, pesquisando a
sensibilidade nas mesmas. A alteração de sensibilidade nas lesões de pele é uma
característica típica da hanseníase.
Deve ser
feita uma inspeção de toda a superfície corporal, no sentido crânio-audal,
seguimento por seguimento, procurando
identificar as áreas acometidas por lesões de pele. As áreas onde as lesões
ocorrem com maior frequência são: face, orelhas, nádegas, braços, pernas e
costas, mas elas podem ocorrer, também, na mucosa nasal.
Devem ser
realizadas as seguintes pesquisas de sensibilidade nas lesões de pele: térmica,
dolorosa, e tátil, que se complementam.
Pesquisa de Sensibilidade: A sensibilidade normal depende da
integridade dos troncos nervosos e das finas terminações nervosas que se
encontram sob a pele. Sem ela o paciente perde sua capacidade normal de
perceber as sensações de pressão, tato, calor, dor e frio. Por esse motivo, é
importante, para fins de prevenção, poder detectar precocemente essas lesões,
já que a perda de sensibilidade, ainda que em pequena área, pode significar um
agravo para o paciente.
AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA: Hanseníase é doença infeciosa,
sistêmica, com repercussão importante nos nervos periféricos. O processo
inflamatório desses nervos (neurite) é um aspecto importante da hanseníase.
Clinicamente, a neurite pode ser silenciosa, sem sinais ou sintomas, ou pode
ser evidente, aguda, acompanhada de dor intensa, hipersensibilidade, edema,
perda de sensibilidade e paralisia dos músculos.
No estágio
inicial da doença, a neurite hansênica não apresenta um dano neural
demonstrável, contudo, sem tratamento adequado frequentemente, a neurite
torna-se crônica e evolui, passando a evidenciar o comprometimento dos nervos
periféricos: a perda da capacidade de suar (anidrose), a perda de pelos (alopecia),
a perda das sensibilidades térmica, dolorosa e tátil, e a paralisia muscular.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
A
baciloscopia é o exame microscópico onde se observa o Mycobacterium leprae,
diretamente nos esfregaços de raspados intradérmicos das lesões hansênicas ou
de outros locais de coleta selecionados: lóbulos auriculares e/ou cotovelos, e
lesão quando houver.
É um apoio
para o diagnóstico e também serve como um dos critérios de confirmação de recidiva quando comparado
ao resultado no momento do diagnóstico e da cura.
Por nem
sempre evidenciar o Mycobacterium leprae nas lesões hansênicas ou em outros
locais de coleta, a baciloscopia negativa não afasta o diagnóstico da
hanseníase.
Mesmo sendo
a baciloscopia um dos parâmetros integrantes da definição de caso, ratifica-se
que o diagnóstico da hanseníase é clínico. Quando a baciloscopia estiver
disponível e for realizada, não se deve esperar o resultado para iniciar o
tratamento do paciente.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
A hanseníase
pode ser confundida com outras doenças de pele e com outras doenças
neurológicas que apresentam sinais e sintomas semelhantes aos seus. Portanto,
deve ser feito diagnóstico diferencial em relação a essas doenças.
Referência:
Guia de Hanseníase- Ministério da Saúde